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HISTÓRIA

Fundada em maio de 1555, a Santa Casa da Misericórdia de Almada insere-se no contexto da criação das Misericórdias portuguesas, tradicionalmente atribuída à Rainha D. Leonor, sob a égide d’el-Rei D. Manuel I, seu irmão.
Desde o início da sua criação, a Misericórdia de Almada, tornou-se um paradigma do bem-fazer na sociedade. Ao contrário de outras confrarias e irmandades existente na vila e seus termos, a sua esfera de atuação era mais ampla, voltada para o exterior e muito mais heterogénea: os irmãos iam ao encontro dos mais necessitados, não se limitando apenas à entreajuda.
Sem um compromisso próprio, o início da sua vida institucional foi pautado por uma série de petições, alvarás e privilégios avulsos, confirmados em 1556 por el-rei D. João III.
O mais antigo livro de Compromisso da Misericórdia de Almada data de 1639 e contém trinta capítulos que regulam todos os aspetos da vida diária da irmandade.
A eleição do provedor e doze irmãos que iriam administrar a irmandade durante um ano fazia-se no dia 2 de julho, dia de Nossa Senhora da Visitação, orago e festa da confraria.
À semelhança das outras Misericórdias, também na irmandade almadense eram as catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais:
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Corporais

  • 1) Dar de comer a que tem fome
  • 2) Dar de beber a quem tem sede
  • 3) Dar pousada aos peregrinos
  • 4) Vestir os nus
  • 5) Visitar os enfermos
  • 6) Visitar os presos
  • 7) Enterrar os mortos

Espirituais

  • 1) Ensinar os ignorantes
  • 2) Dar bom conselho
  • 3) Corrigir os que erram
  • 4) Perdoar as injúrias
  • 5) Consolar os tristes
  • 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
  • 7) Rezar a Deus por vivos e defuntos
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No cumprimento das obras corporais, os irmãos visitavam o hospital e albergaria de Santa Maria da vila de Almada, estabelecimento medieval que tinham herdado junto com todas as propriedades, anos após a criação da Misericórdia. Indagavam sobre o trabalho do médico no tratamento dos doentes e verificavam se os doentes eram convenientemente tratados; iam a casa dos «pobres envergonhados», fornecendo-lhes mantimentos, vestuários e agasalho.
Os presos pobres não eram esquecidos pela irmandade. Visitavam-nos, pagavam as importâncias necessárias para a sua libertação, encarregavam-se da sua defesa; socorriam-nos em caso de doença e cuidavam para que se confessassem e comungassem.
Apesar de a Misericórdia não recolher os expostos, tarefa reservada à Câmara e ao juiz dos órfãos, não se negava a cuidar dos meninos desamparados que tinham ficado órfãos em tenra idade. A confraria pagava a amas-de-leite para a os alimentar até ao desmame e amparava-os nos primeiros anos de vida. Recolhia também as órfãs da vila maiores de doze anos, cuidando da sua educação e dotando-as para lhes facilitar o casamento ou a entrada numa Ordem religiosa.
Das obras corporais, o «enterrar os mortos» assumia uma importância primordial entre as obras de misericórdia. Realizavam, em primeiro lugar, o enterro dos irmãos e parentes mais próximos, acompanhando-os em procissão até à última morada, e depois os indigentes. Era também uso, no dia de Todos-os-Santos, fazerem uma procissão para recolherem as ossadas dos afogados que jaziam ao longo das praias, levando-as e enterrando-as em covas indicadas pelo provedor.
Em observância das obras espirituais, o capelão celebrava missas pelos irmãos defuntos, pelos benfeitores e as missas obrigatórias do calendário litúrgico.
Os seus rendimentos provinham dos peditórios, das esmolas, rendas e foros, legados pios de benfeitores, que eram aplicados nas despesas com os enterros, a aquisição de alfaias de culto para a capela, vestuário, libertação dos presos.
Para além das ações praticadas no âmbito da assistência social e espiritual, os irmãos da Misericórdia associavam-se também às festividades religiosas da vila. Das cerimónias, a procissão do Corpo de Deus era de maior relevância e também a mais ornamentada; participavam, ainda, na festa do Santo Anjo da Guarda.
Para além da participação nestas manifestações de devoção popular, a irmandade realizava pela Quaresma a procissão de Nosso Senhor dos Paços e a de quinta-feira de Endoenças, contribuindo deste modo, também, para a criação de uma identidade regional.
A Misericórdia de Almada tornou-se, pela sua intervenção, uma força dinâmica na sociedade almadense, função que perdurou até aos nossos dias. Constitui um património histórico-cultural da memória coletiva de todos os que habitam nesta outra banda.
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Centro comunitário do P.I.A I